quarta-feira, 7 de abril de 2010

De video-games, craques e super-heróis

Um amigo meu diz que o único problema do Winning Eleven é a existência de super-heróis no jogo. São aqueles jogadores cuja habilidade é tão superior à dos outros que o jogo acaba se resumindo a fazer a bola chegar nele que ele resolve.

Quando joguei com esse meu amigo, fizemos um acordo de cavalheiros para não usar a super-velocidade, o super-chute, a super-habilidade de nossos jogadores em prol de um jogo mais puro e próximo à realidade.

Ontem, Lionel Messi mostrou que isso não é mais necessário.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Capítulo 16

Às 9h30 do dia seguinte, nossos heróis cruzam o imponente hall do edifício-sede do Império JPA3, no Bom Retiro. Com um discreto aceno ao porteiro, o homenzinho conduz Longdon pelas catracas – um de cada vez, para alívio do professor. Entraram no elevador e o homenzinho se esticou para apertar o botão do 39º e último andar, referente ao escritório de J. P. Alphonsus III.

No hall de entrada do andar, três coreanos aguardavam o elevador. Mal os viu, Longdon tentou fugir, mas o homenzinho o segurou pela manga do paletó de tweed.

- Esses aqui são o sr. Kim e seus dois filhos, professor. Estamos entre amigos.

Longdon tentou, sem sucesso, esconder-se atrás do homenzinho enquanto o oriental lhe fazia uma mesura.

- Senhor Longdon, nós realmente precisamos da sua ajuda. Por favor, quebra essa.

Seus dois filhos o seguiram, soltando um breve “É nóis” para o americano no caminho.

Só depois que a porta do elevador se fechou é que Longdon ousou sair de trás do homenzinho. Seu nervosismo era tanto que nem notou a réplica de escrivaninha vitoriana em um canto ou os Caravaggios falsetas na parede. Tinha a sensação que tudo naquela sala era uma ameaça.

Nesse momento, J. P. Alphonsus III abriu vigorosamente a porta do escritório.

- Ah, aqui estão vocês! Já não era sem tempo! Entrem, entrem, por favor.






Perto dali, em frente a um vendedor de cachorro-quente, o negão e o coreano vigiam dissimuladamente a porta principal do edifício. O negão já começava a dissimular seu terceiro hot-dog, enquanto o coreano fingia ouvir música em alto volume no seu recém-adquirido iPod.

Subitamente, o negão se agachou atrás da van de cachorro-quente, derramando purê de batata no meio-fio. O coreano ergueu os olhos do iPod e viu três compatriotas seus saírem do edifício direto para dentro de um táxi.

O coreano fez sinal para o negão segui-lo. Tinham que se aproximar da porta, pois o alvo poderia aparecer a qualquer momento.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Atualizando a leitura

Esse ano já li Breaking Dawn (a conclusão da saga do Crepúsculo), A Cabeça de Steve Jobs, Blackwater e O Símbolo Perdido.
O primeiro é um bom fecho excelente para uma história no máximo média, embora tenha ficado um cheiro forte de Deus-ex Machina na conclusão do embate final.

O segundo é instigante e esclarecedor. Apesar de poder ser resumido em uma frase (Steve Jobs é louco, mas um louco com método) e de ter aquelas seções de recapitulação no fim dos capítulos (que mais parece livro didático), as histórias de bastidores da Apple tornam o livro realmente saboroso.

O terceiro é perturbador, para dizer o mínimo. Ele traz uma investigação das empresas de guerreiros mercenários envolvidas com as grandes guerras do governo Bush filho e a sua (das empresas) motivação extremista cristã. Tudo regado a muita corrupção, contratações sem licitação, abuso de poder e tráfico de influência, de fazer Brasília parecer um internato de freiras.

O quarto é decepcionante e faz parecer que Dan Brown entrou em uma espiral descendente desde o Anjos e Demônios - o Código Da Vinci já foi bem menos interessante e verossímil que seu antecessor. Nessa última aventura, ele aborda temas interessantíssimos, como a ciência noética e a maçonaria, mas com tão pouca profundidade que não fez mais do que aguçar a minha curiosidade. Por outro lado, seu mecanismo de enredo já está tão batido que o final ficou sem graça - além de ficar claro mais ou menos a partir do meio da trama.

O ano começou agitado.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Voltando ao futebol...

Que beleza ver o Henrique jogando e fazendo gol pelo São Paulo! Espero que bata pelo menos uma pontinha de arrependimento no Oscar e no Diogo.
Que o Rogério não devia mais ser o batedor de penaltis do time, eu concordo. Mas pôr no lugar dele o Marcelinho Paraíba, que bate penalti no ângulo, me parece um tanto quanto arriscado.
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Que divertido está sendo ver o Santos jogar! Futebol moleque de tudo, tanto na irreverência do ataque quanto na irresponsabilidade da defesa.
Que golaço fez o Robinho. Mas que comemoração babaca, também.
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Que fase do Corinthians! Primeiro perdeu a Copinha, depois o Carnaval. Já tem pressão e o time nem estreou na Libertadores!
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Que presepada fez a diretoria do Palmeiras! É nessas horas que eu tenho que concordar, mesmo a contragosto, que a diretoria do São Paulo não é tão ruim assim.
Que vã esperança tem o Belluzzo, achando que vai encontrar um Guardiola por ano lá no Palestra. E o Jorginho vai muito bem, obrigado, no Goiás.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tudo começou...

O sábado estava ensolarado, mas não muito quente. Clima perfeito para jogar futebol. Ainda bem, pois hoje é o dia do jogo mais importante da minha vida. Pelo menos até agora. Meu time, o Babilayna, vai enfrentar o arquirrival da cidade, o Salisbie, no clássico mais famoso da região. E é nesse jogo que, tradicionalmente, os olheiros de times profissionais aparecem na cidade - e dizem por aí que tem mais de dez deles com reserva no hotel lá no centro. Não adiantava fazer 3 gols por jogo no resto do campeonato, se você não jogar bem nesse jogo, já era. Podia dizer adeus ao sonho de virar jogador profissional.

No Salisbie joga meu ex-melhor amigo, o Thjis (pronuncia-se Djis). Nós jogamos juntos na escola e formamos a dupla de ataque mais temida do campeonato estudantil. Eu fui artilheiro e ele o líder de assistências. Mas o Thjis nem quis tentar a sorte no Babilayna - que, como todo mundo sabe, é o melhor time da cidade. O Salisbie é só para os losers que não conseguem vaga no Babilayna. E o Thjis, mesmo sabendo disso, foi direto para lá, para seguir os passos do loser do pai dele - que, dizem por aí, tinha amarelado solenemente no clássico, quando jogou.

Já o meu pai, que tinha jogado no Babilayna na mesma época, só não virou profissional por azar - tinha tido uma indigestão na véspera do clássico e mal se aguentava em pé no jogo. Segundo contam, um olheiro até foi falar com ele depois da partida, dizendo que queria muito indicá-lo, mas que com a bola que ele jogou não tinha como. Como eu disse, puro azar.

Mas o Thjis não. Ele tinha escolhido sua própria sorte. E agora, nem sair jogando no clássico ele ia, pois tinha perdido a posição há umas duas rodadas. Praticamente jogou o futuro no lixo. Não que se saísse jogando ele tivesse muita chance.

Bom, chega de pensar nele. Preciso me concentrar, que o jogo começa daqui a algumas horas.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Diário da Lui - 05/02

Uma coisa que me deixa brava com os adultos é quando eles começam a dizer que vai ser legal 'quando ela (eu) começar a falar'. Poxa, eu já falo há bastante tempo! Eles é que não entendem o que eu falo!

Ah, ontem a prima Julia viajou para Natal, onde o papai dela (aquele tio que parece o meu papai) está. Não entendi muito bem a história, mas parece que não é a terra do Papai Noel, porque a mamãe e a tia Alline estavam falando de sol, praia e calor - e acho que o Papai Noel não iria para um lugar desses com aquele casacão vermelho.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Curtas

Ontem acabou a luz lá em casa. Tive que sair de carro e desci dois andares no escuro para mergulhar na mais escura ainda garagem. Não sou dos mais assustadiços, mas fiquei com medo daquele breu todo. Abri o celular para poder achar meu caminho e com a parca iluminação dele cheguei ao carro. Quando abri a porta, a glória! A luz interna acendeu! Mas eu ainda estava desprotegido lá fora, por isso entrei rapidamente e fechei a porta - só para a luz se apagar de novo. Acendi o farol antes mesmo de ligar o carro e, com o coração aos pulos, olhei em volta esperando ver ladrões, animais selvagens, vampiros ou algum outro predador. Não tinha nada nem ninguém, óbvio. Mas só me acalmei e consegui rir de mim mesmo quando cheguei na rua.
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Dei para cozinhar, ultimamente (pausa para piadinhas homofóbicas de naipe 5ª série, tipo "hummm, já deu, é? Meio caminho andado pra virar chef"). Já faz algum tempo que eu vinha ajudando na cozinha, variando do básico descascar-fatiar-picar até o complexo cozinhar-o-macarrão-no-ponto-certo. Porém, tirando saladas e sanduíches, nunca tinha antes feito um prato de cabo a rabo. Sozinho. Só eu.

Pois agora mais essa barreira foi transposta. Semana passada eu me aproveitei de um lapso da guardiã das comidas e temperos (lapso este que resmungava de fome no quarto) e, enquanto ela amamentava, fiz um macarrão. Sozinho. Só eu. Foi um rigatone ao molho de Rattatouille. E ao invés de me dar uma bronca por ter profanado os mistérios da culinária, a guardiã comeu e gostou (ou, se não gostou, disfarçou bem). Isso me deixou ainda mais ousado e no sábado seguinte, preparei um café da manhã completo, com direito até a ovos mexidos.

A culinária, como toda arte, é a aplicação de técnicas para atingir formas e formatos diferentes, com um quê pessoal. E agora que eu aprendi um pouco dessas técnicas, posso começar a aplicar nos pratos a filosofia Joey Tribbiani: juntando coisas gostosas, só pode ficar gostoso.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A arte de presentear

Sim, eu sei que dar presentes é uma coisa muito pessoal e que cada um encara a coisa de um jeito, mas para mim, dar presentes é algo muito legal. Divertido mesmo. Tanto que nas minhas divagações, quando penso no que faria com o prêmio da Mega-Sena se ganhasse, os presentes que eu daria tem sempre um papel central. Dar um presente, para mim, é a oportunidade de forjar um vínculo indissolúvel com o presenteado. De demonstrar que você presta atenção no que ele faz ou diz e que liga os pontos para chegar naquele presente em especial.

Um presente é mais do que algo material dado de graça em ocasiões específicas. Quando bem escolhido, ele contém um pouco do presenteador e um pouco do presenteado. Não basta ser uma coisa que agrade quem você quer presentear, tem que ter o seu toque pessoal. Tem que ser algo relativo a uma conversa que vocês tiveram sobre algum assunto, ou a uma observação que você fez dos hábitos dele, ou a um interesse em comum que vocês tenham, ou a qualquer coisa que os una de alguma maneira.

Não precisa de uma investigação profunda ou horas de pesquisa, basta pensar um pouco no que você conhece da pessoa. Do que vocês já conversaram? Que hobbies você sabe que ela tem? O que vocês já fizeram juntos? Que projetos pessoais ela começou recentemente? Que livros ela já leu ou anda lendo? Com um pouco de informação nesse sentido, já dá para fazer uma série de associações para chegar ao presente.

Não interessa apenas o que a pessoa gosta, mas sim o que ela pode associar a você. E não vale fazer igual Papai Noel e perguntar o que a pessoa quer ganhar - isso tira automaticamente a sua parte e faz virar um vale-presente, o maior atestado de não-ligo-a-mínima-para-você que existe.

O Papai Noel, pelo menos, tem a desculpa de não poder conhecer todas as crianças boazinhas do mundo. Você não. Por isso, 'gaste' um pouco mais de tempo na busca do presente ideal. A alegria da pessoa ao abri-lo vai fazer valer a pena.