sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Capítulo 16

Às 9h30 do dia seguinte, nossos heróis cruzam o imponente hall do edifício-sede do Império JPA3, no Bom Retiro. Com um discreto aceno ao porteiro, o homenzinho conduz Longdon pelas catracas – um de cada vez, para alívio do professor. Entraram no elevador e o homenzinho se esticou para apertar o botão do 39º e último andar, referente ao escritório de J. P. Alphonsus III.

No hall de entrada do andar, três coreanos aguardavam o elevador. Mal os viu, Longdon tentou fugir, mas o homenzinho o segurou pela manga do paletó de tweed.

- Esses aqui são o sr. Kim e seus dois filhos, professor. Estamos entre amigos.

Longdon tentou, sem sucesso, esconder-se atrás do homenzinho enquanto o oriental lhe fazia uma mesura.

- Senhor Longdon, nós realmente precisamos da sua ajuda. Por favor, quebra essa.

Seus dois filhos o seguiram, soltando um breve “É nóis” para o americano no caminho.

Só depois que a porta do elevador se fechou é que Longdon ousou sair de trás do homenzinho. Seu nervosismo era tanto que nem notou a réplica de escrivaninha vitoriana em um canto ou os Caravaggios falsetas na parede. Tinha a sensação que tudo naquela sala era uma ameaça.

Nesse momento, J. P. Alphonsus III abriu vigorosamente a porta do escritório.

- Ah, aqui estão vocês! Já não era sem tempo! Entrem, entrem, por favor.






Perto dali, em frente a um vendedor de cachorro-quente, o negão e o coreano vigiam dissimuladamente a porta principal do edifício. O negão já começava a dissimular seu terceiro hot-dog, enquanto o coreano fingia ouvir música em alto volume no seu recém-adquirido iPod.

Subitamente, o negão se agachou atrás da van de cachorro-quente, derramando purê de batata no meio-fio. O coreano ergueu os olhos do iPod e viu três compatriotas seus saírem do edifício direto para dentro de um táxi.

O coreano fez sinal para o negão segui-lo. Tinham que se aproximar da porta, pois o alvo poderia aparecer a qualquer momento.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Atualizando a leitura

Esse ano já li Breaking Dawn (a conclusão da saga do Crepúsculo), A Cabeça de Steve Jobs, Blackwater e O Símbolo Perdido.
O primeiro é um bom fecho excelente para uma história no máximo média, embora tenha ficado um cheiro forte de Deus-ex Machina na conclusão do embate final.

O segundo é instigante e esclarecedor. Apesar de poder ser resumido em uma frase (Steve Jobs é louco, mas um louco com método) e de ter aquelas seções de recapitulação no fim dos capítulos (que mais parece livro didático), as histórias de bastidores da Apple tornam o livro realmente saboroso.

O terceiro é perturbador, para dizer o mínimo. Ele traz uma investigação das empresas de guerreiros mercenários envolvidas com as grandes guerras do governo Bush filho e a sua (das empresas) motivação extremista cristã. Tudo regado a muita corrupção, contratações sem licitação, abuso de poder e tráfico de influência, de fazer Brasília parecer um internato de freiras.

O quarto é decepcionante e faz parecer que Dan Brown entrou em uma espiral descendente desde o Anjos e Demônios - o Código Da Vinci já foi bem menos interessante e verossímil que seu antecessor. Nessa última aventura, ele aborda temas interessantíssimos, como a ciência noética e a maçonaria, mas com tão pouca profundidade que não fez mais do que aguçar a minha curiosidade. Por outro lado, seu mecanismo de enredo já está tão batido que o final ficou sem graça - além de ficar claro mais ou menos a partir do meio da trama.

O ano começou agitado.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Voltando ao futebol...

Que beleza ver o Henrique jogando e fazendo gol pelo São Paulo! Espero que bata pelo menos uma pontinha de arrependimento no Oscar e no Diogo.
Que o Rogério não devia mais ser o batedor de penaltis do time, eu concordo. Mas pôr no lugar dele o Marcelinho Paraíba, que bate penalti no ângulo, me parece um tanto quanto arriscado.
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Que divertido está sendo ver o Santos jogar! Futebol moleque de tudo, tanto na irreverência do ataque quanto na irresponsabilidade da defesa.
Que golaço fez o Robinho. Mas que comemoração babaca, também.
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Que fase do Corinthians! Primeiro perdeu a Copinha, depois o Carnaval. Já tem pressão e o time nem estreou na Libertadores!
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Que presepada fez a diretoria do Palmeiras! É nessas horas que eu tenho que concordar, mesmo a contragosto, que a diretoria do São Paulo não é tão ruim assim.
Que vã esperança tem o Belluzzo, achando que vai encontrar um Guardiola por ano lá no Palestra. E o Jorginho vai muito bem, obrigado, no Goiás.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tudo começou...

O sábado estava ensolarado, mas não muito quente. Clima perfeito para jogar futebol. Ainda bem, pois hoje é o dia do jogo mais importante da minha vida. Pelo menos até agora. Meu time, o Babilayna, vai enfrentar o arquirrival da cidade, o Salisbie, no clássico mais famoso da região. E é nesse jogo que, tradicionalmente, os olheiros de times profissionais aparecem na cidade - e dizem por aí que tem mais de dez deles com reserva no hotel lá no centro. Não adiantava fazer 3 gols por jogo no resto do campeonato, se você não jogar bem nesse jogo, já era. Podia dizer adeus ao sonho de virar jogador profissional.

No Salisbie joga meu ex-melhor amigo, o Thjis (pronuncia-se Djis). Nós jogamos juntos na escola e formamos a dupla de ataque mais temida do campeonato estudantil. Eu fui artilheiro e ele o líder de assistências. Mas o Thjis nem quis tentar a sorte no Babilayna - que, como todo mundo sabe, é o melhor time da cidade. O Salisbie é só para os losers que não conseguem vaga no Babilayna. E o Thjis, mesmo sabendo disso, foi direto para lá, para seguir os passos do loser do pai dele - que, dizem por aí, tinha amarelado solenemente no clássico, quando jogou.

Já o meu pai, que tinha jogado no Babilayna na mesma época, só não virou profissional por azar - tinha tido uma indigestão na véspera do clássico e mal se aguentava em pé no jogo. Segundo contam, um olheiro até foi falar com ele depois da partida, dizendo que queria muito indicá-lo, mas que com a bola que ele jogou não tinha como. Como eu disse, puro azar.

Mas o Thjis não. Ele tinha escolhido sua própria sorte. E agora, nem sair jogando no clássico ele ia, pois tinha perdido a posição há umas duas rodadas. Praticamente jogou o futuro no lixo. Não que se saísse jogando ele tivesse muita chance.

Bom, chega de pensar nele. Preciso me concentrar, que o jogo começa daqui a algumas horas.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Diário da Lui - 05/02

Uma coisa que me deixa brava com os adultos é quando eles começam a dizer que vai ser legal 'quando ela (eu) começar a falar'. Poxa, eu já falo há bastante tempo! Eles é que não entendem o que eu falo!

Ah, ontem a prima Julia viajou para Natal, onde o papai dela (aquele tio que parece o meu papai) está. Não entendi muito bem a história, mas parece que não é a terra do Papai Noel, porque a mamãe e a tia Alline estavam falando de sol, praia e calor - e acho que o Papai Noel não iria para um lugar desses com aquele casacão vermelho.